A Ana Rita tem dezoito anos e é surda. Há anos fez uma operação para colocar um implante coclear. Frequenta a Escola António Arroio e presenteou-nos com algumas informações e pequenos momentos da sua vida.
Esta além de comunicar oralmente, comunica também utilizando a língua gestual portuguesa. Antes propriamente da entrevista, a Rita leu-nos um poema escrito no seu 10 ºano e um comentário, também da sua autoria, a uma reportagem da revista Visão.
Porque ficaste surda?
A minha mãe teve rubéola durante a gravidez.
Qual foi a sensação de ouvir pela 1ª vez?
Foi fantástico, fantástico. Não sei descrever a sensação de ouvir pela 1ª vez.
Já alguma vez te sentiste discriminada?
Várias vezes, por exemplo, nas aulas de Projecto e Tecnologias o professor fala muito depressa e muitas vezes não consigo perceber o que ele diz. Eu sei que não é por mal, mas sinto-me um pouco discriminada.
Quando aprendeste a falar língua gestual?
Aprendi muito cedo a falar língua gestual, penso que por volta dos três anos, não sei bem, foi no infantário.
Foi muito difícil aprender a falar?
Foi muito difícil, como não consigo ouvir não sei se estou a reproduzir o som correctamente. Tive terapia durante muitos anos, e é muito difícil articular bem as palavras, mas a minha mãe e alguns professores fizeram com que não desistisse.
E a escrever?
Aprender a escrever não foi tão complicado, é o mesmo como com os ouvintes.
Já alguma vez pensaste que estavas a falar mas não estavas?
Sim, houve uma situação em que estava rouca mas não sabia, como sou surda não ouço e não sabia que não estava a falar. Nós, surdos, sentimos as cordas vocais a vibrar e quando estamos roucos as cordas também vibram.
Nos sonhos imaginas sons?
Sim.
Foi a 1ª vez que tiveste acompanhamento especial na escola?
Não, antes de vir para esta escola andava numa escola de surdos.
Qual é o teu curso?
Design de Comunicação.
O que queres ser quando fores grande?
Gostava de ser hospedeira, mas não posso por causa dos ouvidos, agora quero ser designer de interiores.
Apesar de surda, a Ana Rita Soares é uma jovem tão normal como qualquer outro jovem e com muita força de vontade consegue levar uma vida quase tão normal como a nossa, tirando um ou outro aspecto menos relevante, que, por vezes, dificulta lhe dificulta a integração plena na sociedade.
Hugo e Raquel
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
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